terça-feira, 14 de junho de 2011

$$$$$ TEMOS O DIREITO DE SABER $$$$$




"2,90" (DOIS REAIS E NOVENTA CENTAVOS) - É O PREÇO DA PASSAGEM UNITÁRIA DO METRÔ EM SÃO PAULO, 13/06/2011!!!;
" 2,90" (DOIS REAIS E NOVENTA CENTAVOS) - É O PREÇO DA PASSAGEM UNITÁRIA DO TREM EM SÃO PAULO, 13/06/2011!!!;
"3,00" (TRÊS REAIS) - É O PREÇO DA PASSAGEM UNITÁRIA DE ÔNIBUS EM SÃO PAULO, 13/06/2011!!!;

segunda-feira, 13 de junho de 2011

ESTRADA DE FERRO MADEIRA-MAMORÉ





CAPÍTULO I


"Aqui um sindicato, ou antes, um homem, detém em suas mãos todos os meios de transporte de mais da metade da população brasileira, atravessa-se na entrada dos nossos melhores portos, monopoliza os tramways, a luz, a foça na capital e em várias cidades, obtém de uma assentada e grátis 60.000 qûilômetros quadrados no Pará, na fronteira; enfim (para antecipar o futuro de 3 a 5 anos apenas) fica dono, senhor, possuidor ou usufrutuário de todo o Brasil! E todos se calam! Não cansados de dar ao mundo os mais tristes espetáculos, vamos oferecer a este, com seus perigos e humilhações, uma nação de 23 milhões de homens enfeudados ao Sr. Farquhar."

Alberto Faria



A história da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré é completamente diferente da que vem, em geral, contada nos livros.

Sua construção teve um sentido imperialista total; ela integrava um plano de conquista do norte do Brasil que vinha sendo rigorosamente executado.

O grupo capitalista que, na aurora do século XX, aliado a elementos políticos norte-americanos, punha em ação os seus desígnios de dominar a vasta região constituída pelos estados do Pará e do Amazonas, o território do Acre e o Amapá, tinha necessidade de ligar sua frente de ação, eliminando a barreira que interrompia o caminho da Bolívia até a cidade de Belém.

Essa barreira era constituída por um trecho encachoeirado que interceptva o curso navegável dos rios Mamoré e Madeira, numa extensão de 365 quilômetros, entre Guajará-Mirim, na beira do Mamoré e a vila de Santo Antonio na margem do Madeira.

O Mamoré, divisa do Brasil com a Bolívia, é, como se sabe, afluente do Madeira, que por sua vez se lança no Amazonas.

Eliminado o hiato do trecho encachoeirado, a Bolívia ficaria dotada de um caminho livre e barato até o Atlântico, o que era de suma importância para ela, principalmente depois que, numa guerra contra o Chile (1879-1884), perdera a província de Atacama com os seus portos do Pacífico.

Mais interessado, entretanto, nesse caminho do que a própria Bolívia era o comandante da "sorrateira invasão" (como a chama Salvador de Mendonça) do nosso país e que já ia longe; ele detinha em mãos, como vimos no prefácio, os pontos estratégicos mais importantes da sua imensa linha ofensiva que se estendia da Bolívia, onde possuía enormes seringais, uma empresa de navegação e outra comercial, até o porto de Belém cuja concessão lhe pertencia; entre esses dois pólos era dono de 445 quilômetros de seringais, margeando exatamente o Mamoré e o Madeira, era concessionário da navegação do Rio Amazonas e já se havia fortificado no Amapá; a construção da Madeira-Mamoré era imprescindível para que o seu vizinho funcionasse comercialmente bem e ele ia conseguí-la; utilizava-se na sua investida de uma arma de incalculável poder ofensivo: tinha no bolso os políticos da época, afirmação incontestável, ao tempo feita e refeita em livros e pela imprensa. (...)



"Texto parcial extraido do livro: O drama das estradas de ferro no Brasil, Hugo de Castro, 1ª edição, 1981".

domingo, 12 de junho de 2011

ESTRADA DE FERRO SÃO LUIZ-CAXIAS















CAPÍTULO II
Numa deliciosa semana de maio ou junho - já nem lembramos mais, faz quase mil anos - de 1913, tivemos a feliz oportunidade de viajar sobre a sinusoidal tranquilidade das águas do rio Itapecuru, entre São Luís do Maranhão e Caxias.

Data, por certo, dessa magnífica aventura e inefável sensação de volúpia mansa que nos invadia todas as vezes que, posteriormente, realizando trabalhos topográficos, penetrávamos em alguma floresta e sentávamos para descansar o corpo e alma na margem acariciadora de algum rio.

Contém-se em nós um religioso sibaritismo de fruir o feiticeiro encanto das coisas serenas e virgens.
Bem razão tinha Montaigne, o incontestável precursor da geografia humana, ao defender a supremacia do "estado natural" em relação a determinados aspectos de uma pretensa civilização.

Havíamos aprendido a ser pagãos com nossa mãe, uma mulher de rara sensibilidade e da mais original inteligência; quando ela fazia versos exaltava a natureza, a floresta, a madrugada; se chovia, mandava os filhos para chuva; e nos dava seguidamente nos dias de grande verão, deliciosos copos de refresco de limão e de caju.

Nosso tropismo pela natureza, nossa sedução pelas águas, são hereditários. * (...)
"A descrição do texto continua" *(...).